Inutensílios poéticos
Gab Marcondes
a realidade é só uma forma de decorar esse momento
inutensílios poéticos
A poesia de Gab Marcondes se desdobra em uma linha de objetos chamados Inutensilios Poéticos. Versos e poemas ganham novos suportes, saem das páginas de um livro para o mundo real: o mundo concreto dos objetos. Neste salto para um outro ambiente a poesia enfrenta a realidade, deslocando o nosso olhar, como resume a poeta na frase de apresentação do site "a realidade e só uma forma de decorar esse momento.” São objetos do cotidiano transformados, customizados pela poesia. Alguns destes objetos são algo obsoletos, perderam a sua utilidade no mundo moderno, mas a poesia inscrita em cada um se desvenda e os torna encantadores em sua inutilidade. Tridimensionalizar a palavra e o sentido, dar voz aos objetos. Utilidades para a alma?
Assim, uma ratoeira “grita” uma liberdade, uma ampulheta tem letras como "grãos" do tempo, pequenos tubos de ensaio guardam versos de um experimento poético anterior, uma régua nível nos mostra a dificuldade do equilíbrio, um monóculo revela o inicio do invisível, uma luminária no formato da tecla ESC exclui o “Esc uro”, a impressão em uma mapa mudo colegial e a lâmpada luminária que acende uma ideia que quer se mostrar e se vender, brincando com o duplo sentido das palavras e dos objetos explorando a ambiguidade poética do mundo concreto.

Objeto: monóculos Versos: Há sempre um começo mesmo quando não é visível. Todo tempo é tão grande e pequeno como um talvez.

Objeto: Conta-fios Versos: Há sempre um começo mesmo quando não é visível. Todo tempo é tão grande e pequeno como um talvez. A realidade nem sempre trabalha de olhos abertos.

Objeto: Luminária Verso: Esc onde o Esc uro

Objeto: Conta-fios Versos: Há sempre um começo mesmo quando não é visível. Todo tempo é tão grande e pequeno como um talvez. A realidade nem sempre trabalha de olhos abertos.

Objeto: monóculos Versos: Há sempre um começo mesmo quando não é visível. Todo tempo é tão grande e pequeno como um talvez.

Realizado em parceria com Gustavo Peres Objeto: Caixa de fósforo sob madeira Verso: Matar dragões cria silêncios de fogo

Objeto: Régua nível de metal Verso: Eu me equilibro em mim

Realizado em parceria com Gustavo Peres Objeto: Bolas de sinuca sob base de feltro verde Verso: jogo de si/ nuca de beijo/ arrepio de sorte

Objeto: Cubo de vidro com bola de gude transparente Diálogo com Lacan: O objeto pequeno a, que é o objeto do desejo e da angústia. Ele é qualquer objeto, mas não é objeto nenhum, já que é mais da dimensão do rastro, do traço de algo que se esvai. Aqui, ele aparece na concretude de uma esfera parmenídica perfeita.

Objeto: Ratoeira Verso: Nem tudo que segura prende

Objeto: Tubo de ensaio Verso: Minha chuva vem de dentro.

Objeto: Globo terrestre plástico Verso: Dar a volta por cima

Objeto: Tubo de ensaio Verso: Nada se perde, tudo se transborda.

Realizado em parceria com Gustavo Peres Objeto: Mapa mudo colegial Verso: Mudo tudo sem dizer nada

Objeto: Tubo de ensaio Verso: Voar com os pés no chão.

Objeto: Bússola Verso: Se perder para se achar para...

Objeto: Luminária lâmpada Verso: Vendo a ideia

Objeto: Ampulhetas com letras formando palavras. Verso: TEMPO - POEM T DILUIR - ILUDIR. LISTEN - SILENT

Objeto: Ampulhetas com letras formando palavras. Verso: TEMPO - POEM T DILUIR - ILUDIR. LISTEN - SILENT

Realizado em parceria com Amapola Rios Objeto: Frase em acrílico Verso: Eu me equilibro em mim

Objeto: Display de acrílico Verso: O método do tempo é uma forma de abismo - O todo é uma forma de bis